quarta-feira, 13 de junho de 2007

O Homem da mala preta


Michel Santana

Uma figura aparece em um portão de uma escola. A imagem é a de alguém com uma maleta preta nas mãos. Para o bem dos alunos não se trata de mensalão ou propina, mas sim de leitura.

Cícero Ferreira Lima, estudante de pedagogia da Faculdade Alvorada em Brasília, realiza um trabalho interessante: levar o mundo dos livros até às salas de aula. Vestido de palhaço e com o apelido de “Pipoca” – pelo fato de andar com vários sacos de pipoca em suas primeiras apresentações – revela que sua função social “é transmitir conhecimento para as crianças”.

O projeto intitulado “A Importância do ato de ler” surgiu após o palhaço descobrir o método de Paulo Freire. A idéia brotou quando ele começou a fazer o curso de pedagogia. “Ao começar a faculdade percebi a importância da leitura. Quando era pequeno não tive oportunidade de ler um livro. Para se ter uma idéia, fui alfabetizado somente aos dez anos de idade”, comenta Lima. Hoje ele conta com um acervo de livros guardados em caixas e armários em sua casa, muitos deles doados por amigos.


Após dois meses em solo universitário, Cícero deu início a sua proposta. Dois anos depois o projeto já passou por escolas e creches de São Sebastião, Planaltina, Asa Sul, Asa Norte entre outros lugares. Porém a que mais lhe chamou a atenção foi a “escola de lata”, localizada na Estância, em Planaltina. “Lá a situação é precária, as crianças sofrem muito. Porém, esse sofrimento é que me sensibiliza a fazer algo para melhorar o mundo desses meninos”, admite o estudante.

Quanto à sensação de realizar esse trabalho, Cícero diz que “foi picado pelo mosquito da solidariedade e que essa é uma febre que não tem cura”. O Palhaço comenta que ainda não têm planos para trabalhar a leitura com adultos, mas adverte que ler é essencial tanto para as crianças como universitários.

MALA PRETA
A concepção de Pipoca para melhorar o índice de leitura nas escolas (pesquisas importantes indicam que o brasileiro lê menos de dois livros por ano) é incentivar as rodas de leituras para todas as faixas etárias. Ele e sua maleta já até pensaram em uma saída. “Meu objetivo é fazer com que essas malas cheias de livros passem de quinze em quinze dias por várias salas de aula de uma escola, como se fosse um rodízio”, explica.

Cícero comenta que um bom caminho para incentivar as crianças a ler é utilizar, em um primeiro plano, livros com gravuras. Na mala ganha destaque a coleção completa de Monteiro Lobato, que segundo ele é o carro-chefe da garotada.

Um comentário:

Breno Barros disse...

O Pipoca é o nosso ídolo brasileiro. Com essa iniciativa, ele não muda o futuro do mundo, mas com certeza, muda o futura dessas crianças beneficiadas com a "mala da alegria". Temos que ter ídolos como o Pipoca, esse sim, pois leva algo de bom para as pessoas.