sexta-feira, 11 de maio de 2007

Ensino religioso ou história da religião?

Michel Santana

A presença do Papa Bento XVI em solo brasileiro trouxe uma nova discussão: o ensino religioso obrigatório nas escolas públicas. A matéria, que já chegou a ser lecionada, levanta a hipótese de imposição de uma religião específica. O Presidente Lula, ao encontrar-se com o Pontífice, deixou claro que o Brasil é um país laico, e que a obrigatoriedade da disciplina nas instituições está fora de questão.

O termo “ensino religioso” dá uma idéia de doutrinação. A idéia de contextualizar a religião na escola pública não é ruim, muito pelo contrário, todo homem precisa ter uma filosofia de vida, mas nunca imposta. O ideal não é “ensino religioso”, mas sim “história da religião”. Apreender as diversas formas que o homem busca para conseguir a paz interior é com certeza uma ótima lição cultural.

Hoje, em uma entrevista à rádio CBN, o Senador Cristovão Buarque comentou justamente isso, a forma como essa disciplina deve ser lecionada nas salas de aula. O Ex-Ministro da Educação disse que o ideal é “estudar as religiões para ampliar o campo cultural, e não ser imposto uma determinada religião”.

Na Idade Média, quando religião e poder institucional andavam lado a lado, fica claro o “não sucesso” dessa metodologia. A época em que o Rei e o Clero detinham a “força” não foi uma das melhores. Inclusive há uma frase interessante do colunista do Jornal do Brasil, Mauro Santayana, que diz: “Os fiéis devem obediências aos dogmas, os cidadãos devem-na às leis”.

No momento em que religião se mescla com a cidadania ou política há um choque cultural, que interfere na formação de uma opinião concreta. A religião é muito importante para o ser humano, mas deve ser disseminada sem pressão psicológica, ou como é chamado no popular, apresentada de uma maneira “fanática”.

O ensino fundamental e médio é momento no qual o estudante deve “abrir a primeira brecha para o mundo”. A isenção, assim como há no jornalismo, é fundamental para a análise crítica desse alunos. Doutrinas, religião, práticas, hobbys são instrumentos pessoais, que são adquiridos de acordo com a bagagem cultural do indivíduo. O “ensino religioso” nas escolas não é a melhor forma de moldar o aluno para a vida, mas oferecer-lhe uma gama de religiões que vão de acordo com seu conceitos é a melhor opção.

Um comentário:

Breno Barros disse...

O ensino religioso é fundamental na formação do caráter dos seres humanos. Mas o governo deveria reformular o currículo da disciplina e fundamentar na história da religião. Pois ai, os alunos vão ter a visão ampla das diversas religiões a modo de não estimular o preconceito.